Brasil

Descarte incorreto de lixo: descubro como isso impacta o meio ambiente

16 de Março de 2021 - BRK ambiental/Instituto Agua Sustentável e Prefeitura Municipal de Salvador
[Descarte incorreto de lixo: descubro como isso impacta o meio ambiente]

Brasil é o 7º maior produtor de lixo eletrônico do mundo, o maior da América Latina

Todos os anos no Brasil são geradas mais de 79 milhões de toneladas de lixo. Desse total, considera-se que 30% poderia ser reciclado, mas apenas 3% de fato passa pelo processo. 

Uma das principais questões ambientais da atualidade é, sem dúvida, a enorme quantidade de lixo produzida no planeta. Associado a isso, surge outro problema ainda mais desafiador: a não reutilização adequada desses materiais devido ao consumo desenfreado, ao desperdício e ao descarte incorreto de lixo. 

Dada a complexidade que envolve esse problema, é necessário buscar medidas para contorná-lo. Ao longo dos anos, o efeito nocivo do descarte incorreto de lixo resultou em doenças e prejuízos expressivos, tanto no âmbito ecológico quanto no social 

Em Salvador, os trabalhadores de limpeza urbana, coletam, em média, três mil toneladas de resíduos domiciliares por dia. 

Para recolher esse volume, é necessário fazer aproximadamente 375 viagens. Com essa quantidade de lixo, é comum encontrar materiais perfurocortantes, que colocam em risco a execução do trabalho dos profissionais de limpeza. 


Assim como na maioria dos países, no Brasil, a questão do lixo é extremamente preocupante. Há uma carência muito grande em alguns serviços básicos, como a falta de investimentos na área de saneamento. Exemplo disso é que, em algumas regiões do Brasil, a população ainda não tem acesso nem mesmo à água potável — de acordo com o Trata Brasil, quase 35 milhões de brasileiros não têm acesso a esse serviço básico. 

Quanto ao lixo, em muitas cidades não existem aterros sanitários e áreas próprias para recebimento de resíduos recicláveis. Embora toda essa estratégia para melhorar a questão faça parte da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), pouco se tem feito para mudar esse cenário. 

Um ponto importante da política é a diferenciação entre os tipos de resíduos sólidos que sobraram de um determinado produto ou processo. Caso ele ainda suporte alguma possibilidade de uso, ou seja, possa ser consertado (reúso) ou transformado (reciclagem) para servir para outra finalidade, é chamado de resíduo. Já o rejeito é o resíduo sólido cujas possibilidades de reaproveitamento ou reciclagem estão esgotadas. Nesse último caso, só resta encaminhá-lo para um aterro sanitário licenciado ambientalmente ou para incineração. 

No entanto, é possível verificar a necessidade de melhorias no processo de educação básica, especialmente considerando que o tema do descarte adequado do lixo vai muito além da mera gestão de resíduos: envolve a saúde pública. O Índice de Sustentabilidade da Limpeza Urbana indica que 24% dos domicílios brasileiros não contam com coleta de lixo. 

Há ainda a falta de hospitais de qualidade, o que contribui para uma maior vulnerabilidade de quem depende desses serviços públicos. Em adição a isso, convivemos com as falhas na logística de infraestrutura dos grandes centros urbanos. 

Tudo isso concorre para a adoção de comportamentos inadequados e ações prejudiciais em relação ao descarte do lixo. A ausência de uma visão sistêmica também colabora para essa realidade. Isso porque não há uma divulgação adequada sobre o destino dos resíduos e dos problemas de saúde pública decorrentes dos seus impactos. Com isso, a tendência é que as pessoas deixem de se preocupar com o lixo depois que ele é “retirado da porta de sua casa”. 

Entretanto, quando o caminhão recolhe os resíduos domésticos, o problema do lixo não desaparece. Pelo contrário, o o descarte incorreto de lixo resulta em problemas gravíssimos e que colocam em xeque questões estruturais relacionadas à saúde coletiva e ao meio ambiente. 

Nesse sentido, governo, sociedade e entidades públicas e privadas comprometidas com o saneamento precisam fomentar medidas educativas que viabilizem soluções mais eficazes quanto ao destino dos resíduos. 

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) prevê a não geração de resíduos sólidos, mas, quando gerados, é preciso que haja a disposição final adequada. Para isso, a norma estabelece que a responsabilidade pelo ciclo de vida dos produtos deve ser compartilhada. 

Desse modo, os órgãos competentes precisam enfatizar a destinação correta do lixo, bem como incentivar o reúso e a reciclagem e minimizar os impactos causados pelos problemas ambientais, sociais e econômicos decorrentes do manejo inadequado dos resíduos sólidos. 

No entanto, o cenário brasileiro é de muita lentidão nesse processo. Vários municípios ainda estão se organizando para a adequação da gestão da infraestrutura das cidades. Um trabalho em conjunto com a iniciativa privada pode contribuir para a adoção de uma postura mais consciente e responsável — e ainda ecologicamente correta — em relação ao problema do lixo. 

Também é necessário acreditar no poder transformador da educação como linha de base para essa mudança comportamental. A partir de uma nova postura, é possível repensar o conceito de resíduo não mais como um material sem uso, mas sim como matéria-prima que deve retornar à cadeia produtiva. 

Fique por dentro dos tipos de descarte de lixo no Brasil 

Lixões a céu aberto 

O lixão consiste em um local — geralmente um terreno abandonado — no qual os resíduos sólidos são despejados no solo. De acordo com relatório da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), o Brasil tem cerca de 3 mil lixões funcionando em 1.600 cidades. No entanto, segundo o prazo dado pela Política Nacional de Resíduos Sólidos, todos os lixões deveriam ter sido fechados até 2014. Isso significa que, apesar de proibida por lei, tal prática é comum em diversos municípios brasileiros, o que afeta a qualidade do ar, o equilíbrio ambiental e a saúde da população. 

Essa metodologia também é conhecida como despejo de lixo a céu aberto e traz diversos riscos à natureza e à sociedade. Nesses lixões, não há nenhuma separação dos rejeitos depositados. Por isso, o lixo de baixa periculosidade se mistura com os insumos industriais e hospitalares, tornando esse material ainda mais perigoso. 

Além de serem classificados como locais de altíssimo potencial poluente, esses depósitos a céu aberto atraem grandes quantidades de animais transmissores de doenças, como baratas, roedores e insetos. 

Outra questão preocupante é que os catadores que lidam com esse material incorrem no risco de contaminação pelos rejeitos e, assim, tornam-se vulneráveis a inúmeras doenças. Há ainda maiores chances de incêndios em razão do acúmulo de gases tóxicos e inflamáveis resultantes da decomposição dos resíduos ali depositados, além da contaminação do solo com chorume. 

Catadores 

Mediante as circunstâncias do cenário brasileiro em relação ao destino dos resíduos sólidos, a figura do catador de lixo adquire uma relevância considerável. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), 90% dos resíduos sólidos reciclados no país resultam do trabalho dos catadores. 

No entanto, o trabalho realizado por eles não é tão simples. Eles procuram o material, captam, selecionam, acondicionam, transportam e, não raro, até mesmo beneficiam os resíduos sólidos com aparente valor de mercado para reutilização, venda ou reciclagem. 

Essa coleta de lixo ocorre de várias formas: pode ser uma prática seletiva junto a alguns parceiros que permitem a retirada dos dejetos ou por meio da procura de materiais reaproveitáveis nas ruas ou nos lixões.


Saiba por que o descarte incorreto de lixo impacta o meio ambiente 

Para ocorrer uma mudança do atual cenário, é necessário o fomento de medidas e de políticas públicas que incentivem o cumprimento da legislação em prol da sustentabilidade ambiental. 

Tal compromisso exige a participação da sociedade, do governo e da iniciativa privada. O universo corporativo precisa priorizar o trabalho em favor de um descarte de lixo correto e da existência de serviços de saneamento básico bem estruturados. 

Nesse sentido, a busca de alternativas para frear o impacto dos resíduos é crucial. Na sequência, listamos dois importantes aspectos que exigem soluções urgentes. Observe quais são! 

Resíduos da Construção Civil 

Tanto os trabalhos de reforma quanto de construção de moradias geram muitos resíduos. Convém, então, repensar medidas que viabilizem o reaproveitamento ou a reciclagem desses materiais. 

Para evitar danos ao ambiente, tais rejeitos precisam ter um destino coerente com a legislação ambiental que rege as normas da Construção Civil. No entanto, esse problema ainda é bem presente na maioria das cidades brasileiras. 

Em algumas regiões, existem serviços de coleta de resíduos, os ecopontos, e de tratamento deles. O objetivo é minimizar os danos ambientais e reaproveitar os resíduos de construção civil como agregados reciclados na pavimentação de estradas, construção de blocos de concretos sem função estrutural e afins. 

Descarte de lixo eletrônico 

De acordo com o estudo Global E-Waste Monitor, feito pela Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil é o 7º maior produtor de lixo eletrônico do mundo — e o maior da América Latina. O país produz, por ano, 1,5 mil toneladas de lixo eletrônico, mas apenas 3% tem um descarte adequado. 

O maior problema do descarte incorreto de lixo eletrônico é que ele libera substâncias com um alto grau de toxicidade. Assim, o risco de contaminação do solo, da água e do ar atmosférico foge ao controle das entidades competentes. 

Talvez o caminho mais provável para conter esses impactos negativos à ordem natural e social seria por meio do incentivo à logística reversa. No cenário ideal, os fabricantes assumem o compromisso de receberem o produto de volta e, a partir daí, realizam o manejo adequado desses insumos. 

Entretanto, muitas empresas alegam que a complexidade dos componentes utilizados na produção dificulta esse trabalho. Mas, ainda assim, a remanufatura pode representar uma solução viável, visto que possibilita o reaproveitamento das peças de diversos produtos eletrônicos para a fabricação de outros. 

A reciclagem do lixo eletrônico é uma das alternativas mais benéficas para a sustentabilidade do planeta, tanto do ponto de vista ambiental quanto do social. Por isso, incentivar programas de coleta seletiva bem estruturados pode reverter o panorama atual e ampliar oportunidades de melhorar a economia do país. 

Seja consciente,  jogue lixo no lixo. 

Foto: Reprodução Internet

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