
O casal é investigado pela Operação Calicute da Polícia Federal e do Ministério Público Federal (MPF), um desdobramento da Lava Jato.
O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB) e a ex-primeira-dama Adriana Ancelmo saíram do país e voltaram pelo menos 264 vezes entre abril de 2007 e setembro deste ano. Eles passaram pelo Aeroporto Internacional do Galeão, em média, 2,93 vezes por mês em viagens internacionais, principalmente para destinos como Londres, Paris e Nova York. O casal é investigado pela Operação Calicute da Polícia Federal e do Ministério Público Federal (MPF), um desdobramento da Lava Jato.
Os deslocamentos de Cabral e Adriana foram tabulados com base em análise de dados colhidos pela Calicute no Sistema de Tráfego Internacional da PF. O casal, além de voos comerciais, também usou jatinhos particulares. O ex-governador e a advogada já são réus, estão detidos em Bangu, na zona oeste do Rio, e respondem por suposto envolvimento em organização criminosa que teria desviado R$ 224 milhões de obras públicas por meio de empreiteiras investigadas pela Lava Jato. Para o MPF, Cabral teria chefiado o esquema. Ele nega.
A quantidade de viagens de Cabral e Adriana para o exterior despertou a atenção de investigadores da Calicute. Procuradores e policiais federais querem saber se, em suas passagens por outros países, eles aproveitaram para esconder parte do patrimônio que, supostamente, desviaram. A suspeita se fortalece porque, com frequência, o casal viajou separado, segundo os dados analisados. Em apenas duas das 22 "pernas" feitas em jatinhos no período, por exemplo, há registro de que eles tenham ido e voltado na mesma aeronave. Foi assim que deixaram o Brasil em 8 de fevereiro de 2011 e voltaram no dia 13, no avião Gulfstream GV-SP, prefixo PROGX, operado pela AVX Taxi Aéreo. Localizada na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, a empresa tem como sócios Eike Batista, Thor Batista e Ivo Buschmann Júnior. Procurado, Eike, por meio de assessoria de imprensa, informou que o empréstimo do avião a Cabral não é novidade e alegou não ter negócios com o Estado. Desse modo, não haveria irregularidade.
Os dados do Sistema de Tráfego Internacional da PF de posse da Calicute confirmam também que Cabral e Adriana, mesmo depois da renúncia do ex-governador em abril de 2014, continuaram a usar passaportes diplomáticos fornecidos pelo Ministério das Relações Exteriores. Há registros da expressão "diplomata" ao lado da anotação de entrada ou saída do País do ex-governador e sua mulher, em datas nas quais o peemedebista já havia deixado o cargo.
Com informações O Globo e Agências