Política

Suíca repudia violência cometida em Espaço Cultural ao público LGBTQ+

03 de Dezembro de 2019 - Correio24h
[Suíca repudia violência cometida em Espaço Cultural ao público LGBTQ+]

“A gente precisa penalizar esses criminosos, não podemos deixar o nosso povo a mercê de cidadão violentos”, diz edil petista

Em sessão plenária desta terça-feira (03), na Câmara Municipal de Salvador, o vereador Luiz Carlos Suíca se manifesta em repúdio contra os ataques sofridos aos clientes no Espaço Cultural Caras & Bocas, localizado na Carlos Gomes em Salvador.
Em discurso, o edil petista criticou a atitude do rapaz e frisou as agressões sofridas pelos clientes do espaço. Suíca ressaltou que a gestão municipal tem feito pela cidade, mas pontua que deve ser feito mais pelas pessoas, pelos grupos LGBTs, pelos negros da capital.
“Nós precisamos trabalhar e trabalhar muito, não podemos viver em uma cidade que é só obras, ou só monumentos, isso não vai resolver os problemas da cidade. O que vai resolver é dar condições as pessoas, possibilidades ao futuro dessa cidade e desse país. Esse crime que aconteceu, porque pra mim é um crime de ordem homofóbica.
“O que é mais interessante é que o agressor foi preso em flagrante e foi libertado e ninguém sabe quem foi que telefonou, ninguém sabe quem ligou de Brasília, ou determinou a soltura desse criminoso. A gente precisa penalizar esses criminosos, não podemos deixar o nosso povo a mercê de cidadão que invade estabelecimentos, agride as pessoas e sequestra. Ele na verdade tentou jogar uma mulher em baixo de um ônibus, várias agressões, como pode, ele foi preso e sem nenhuma fiança é posto em liberdade”, desabafa Suíca.

Entenda o caso

Um homem invadiu o Espaço Cultural Caras & Bocas voltado para o público LGBTQIA+ na Rua Carlos Gomes, em Salvador, na madrugada do último domingo (01). Edson Oliveira Lima Macedo, destruiu o bar e agrediu as pessoas que estavam no local. 
As vítimas do ataque informaram que Edson já é conhecido por brigar em ambientes LGBTQIA+ e que desta vez, a confusão teria começado na altura da Calçada, dentro de um ônibus que seguia para a Barra e que foi rendido pelo homem.

“Ele entrou sereno e segurava um saco quando, do nada, começou a gritar, dizendo que ia matar os gays e olhou pra mim e disse:’você é viado e vai morrer’. Do nada, tirou um paralelepípedo do saco e jogou contra uma das janelas do ônibus que quebrou. Os estilhaços atingiram o meu rosto”, contou o Dj Hebert Almeida, que estava no veículo. 
Hebert também conta que o motorista chegou a perder o controle do ônibus após a pedrada: “Por pouco não aconteceu uma tragédia. Com o barulho, o motorista perdeu o controle e o ônibus raspou parte da lateral numa parede, ocasião que rapidamente ele conseguiu estabilizar o veículo”, disse o rapaz. 
Edson também teria obrigado o motorista a parar o veículo na frente ao Espaço Cultural Caras & Bocas, na Rua Carlos Gomes, onde ele desceu e em seguida, entrou no espaço, destruindo mesas, cadeiras e estruturas. 

A drag queen Valerie O’rarah, que se apresentava no momento do ataque, foi agredida pelo homem e contou detalhes do acontecimento: “Ele quebrou garrafas e queria furar a gente. Dizia que só sairia com a chegada do deputado Isidório”, contou O’rarah.

O deputado federal Pastor Sargento Isidório, mencionado por Edson, é conhecido por suas declarações polêmicas contra a comunidade LGBT, além de ter se envolvido em um processo judicial com a cantora Daniela Mercury, após chamá-la de “endemoniada” por ser lésbica. No processo, a justiça ofereceu ao deputado um acordo em que ele deveria pedir desculpas a cantora. Um vídeo com o pedido de desculpas foi gravado por Isidório e publicado em suas redes sociais em agosto deste ano.

Uma das proprietárias do local, Alexsandra Leitte, foi feita refém pelo agressor: “Ele pegou minha esposa pelo cabelo e começou a dizer que ia matar ela. Ele arrastou ela pelos cabelos pela escada abaixo e jogou ela na frente do ônibus. A sorte foi que o ônibus parou. Conseguimos parar uma viatura e ele tentou entrar no Âncora do Marujo”, relatou a empresária Rosy Silva, também proprietária do bar. Alexsandra foi mordida pelo agressor e apresenta diversos hematomas pelo corpo. 
A denúncia foi feita na Central de Flagrantes, região do Iguatemi, por parte das vítimas que relatam que o agressor foi ouvido e, em seguida, liberado.
“Ele jogou pedras em um carro de uma mulher LGBT que é motorista de carro por aplicativo. É muito triste isso especialmente porque temos a informação de que ele é um homem gay. Ele ficava gritando dizendo que iria matar todos os ‘viados e sapatões’”, destacou Rosy.

O casal de empresárias também comentou os estragos e prejuízos deixados por Edson: “A casa está fechada. Ele quebrou tudo. Ainda não pude calcular a dimensão do estrago. Para se ter uma ideia, tive pessoas contratas e fornecedores que não pude pagar. Já tivemos outros ataques ao centro cultural, mas não como esse”, declarou Rosy. 
O estabelecimento já havia sofrido ataque ataques homofóbicos anteriormente, durante a inauguração do atual espaço, em janeiro de 2018.
As vítimas das agressões estão bastante abaladas com a situação, e na espera do agressor para tomarem as devidas providências legais.
O perfil do agressor já circula nos grupos sociais, mostrando um pouco do temperamento dele, que já chegou a ser candidato a vereador em sua cidade e se diz defensor da causa LGBT.
De acordo com clientes do Bar que reconheceram o agressor, ele é gay, frequenta saunas de Salvador, agride os clientes e cria confusão para ser expulso e não pagar a conta.

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