Saúde

Ex-médico da Hapvida no Ceará relata pressão para receitar 'kit covid'

03 de Outubro de 2021 - Uol
[Ex-médico da Hapvida no Ceará relata pressão para receitar 'kit covid']

A principal denúncia contra uma operadora foi feita pelo médico Felipe Peixoto Nobre

De acordo com o portal UOL, em um relatório de nove páginas entregues ao Ministério Público do Ceará, o profissional relata pressão por parte de um coordenador para receitar hidroxicloroquina de maneira "compulsória" a pacientes.

O documento foi anexado a um processo administrativo que resultou em multa à operadora no valor de R$ 468 mil, aplicada pelo Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor. Em 1º de setembro, o relatório da investigação foi enviado à CPI da Covid , no Senado.

O Hapvida nega irregularidades e recorreu da decisão. A defesa do grupo diz que não há prova suficiente para as acusações, que preserva a autonomia médica e que o acesso aos prontuários é exclusivo aos hospitais. O recurso será julgado neste mês.

De acordo com Nobre, em abril de 2020, o Hapvida incluiu no protocolo institucional a orientação para que os médicos receitassem hidroxicloroquina para o tratamento da covid-19, em muitos casos, sem ter feito exame que comprovasse a infecção. Com o tempo, o direcionamento passou a ser uma exigência, à medida que a operadora disponibilizava hidroxicloroquina gratuitamente na farmácia do hospital.

"Diziam que houve uma redução do número de internação de pessoas graves nas UTIs e uma melhora no tempo de permanência dos pacientes no hospital. Mas nenhum desses dados foi provado", explicou Nobre ao UOL.

O receituário informatizado da rede também foi programado para cumprir a ordem interna, afirma o médico.

"Você vai colocando queixas do paciente, e, com o diagnóstico, o sistema vai sugerindo possíveis medicamentos", lembrou.

Nobre contou ainda que os profissionais resistentes à prescrição sofriam "assédio virtual e presencial". Seus nomes entraram para uma lista de "opositores", e, por mensagem de WhatsApp, eram cobrados a receitar "pelo menos duas vezes" o medicamento ou "seriam desligados do plano e retirados das escalas".

"Recebi visita [do coordenador] durante os plantões, por pelo menos três vezes, e manifestei que não tinha intenção de prescrever o medicamento", relatou.

Dez dias depois, o MPCE deu início à investigação. Além dos relatos do médico, o processo incluiu a reclamação de uma usuária do plano de saúde que recebeu prescrição de hidroxicloroquina sem confirmação do quadro de covid-19.

"Trata-se de uma conduta completamente arbitrária e abusiva [do Hapvida]", afirma o promotor Hugo Vasconcelos Xerez.

"Quem contrata plano de saúde é o consumidor, e há uma relação que precisa ser respeitada: médico e paciente, na qual ninguém deve intervir. Nesse caso, os médicos não tinham autonomia".

Felipe Peixoto Nobre levou o caso ao Cremec (Conselho Regional de Medicina do Ceará), mas até agora não obteve retorno sobre o andamento da denúncia. Em ofício enviado ao MPCE no dia 9 de julho de 2020, o presidente da instituição, Helvécio Neves Feitosa, confirmou a abertura de uma sindicância e disse que convocou o diretor técnico do Hapvida para uma reunião, "a fim de discutir o assunto".

De acordo com o portal UOL, em um relatório de nove páginas entregues ao Ministério Público do Ceará, o profissional relata pressão por parte de um coordenador para receitar hidroxicloroquina de maneira "compulsória" a pacientes.

O documento foi anexado a um processo administrativo que resultou em multa à operadora no valor de R$ 468 mil, aplicada pelo Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor. Em 1º de setembro, o relatório da investigação foi enviado à CPI da Covid , no Senado.

O Hapvida nega irregularidades e recorreu da decisão. A defesa do grupo diz que não há prova suficiente para as acusações, que preserva a autonomia médica e que o acesso aos prontuários é exclusivo aos hospitais. O recurso será julgado neste mês.

De acordo com Nobre, em abril de 2020, o Hapvida incluiu no protocolo institucional a orientação para que os médicos receitassem hidroxicloroquina para o tratamento da covid-19, em muitos casos, sem ter feito exame que comprovasse a infecção. Com o tempo, o direcionamento passou a ser uma exigência, à medida que a operadora disponibilizava hidroxicloroquina gratuitamente na farmácia do hospital.

"Diziam que houve uma redução do número de internação de pessoas graves nas UTIs e uma melhora no tempo de permanência dos pacientes no hospital. Mas nenhum desses dados foi provado", explicou Nobre ao UOL.

O receituário informatizado da rede também foi programado para cumprir a ordem interna, afirma o médico.

"Você vai colocando queixas do paciente, e, com o diagnóstico, o sistema vai sugerindo possíveis medicamentos", lembrou.

Nobre contou ainda que os profissionais resistentes à prescrição sofriam "assédio virtual e presencial". Seus nomes entraram para uma lista de "opositores", e, por mensagem de WhatsApp, eram cobrados a receitar "pelo menos duas vezes" o medicamento ou "seriam desligados do plano e retirados das escalas".

"Recebi visita [do coordenador] durante os plantões, por pelo menos três vezes, e manifestei que não tinha intenção de prescrever o medicamento", relatou.

Dez dias depois, o MPCE deu início à investigação. Além dos relatos do médico, o processo incluiu a reclamação de uma usuária do plano de saúde que recebeu prescrição de hidroxicloroquina sem confirmação do quadro de covid-19.

"Trata-se de uma conduta completamente arbitrária e abusiva [do Hapvida]", afirma o promotor Hugo Vasconcelos Xerez.

"Quem contrata plano de saúde é o consumidor, e há uma relação que precisa ser respeitada: médico e paciente, na qual ninguém deve intervir. Nesse caso, os médicos não tinham autonomia".

Felipe Peixoto Nobre levou o caso ao Cremec (Conselho Regional de Medicina do Ceará), mas até agora não obteve retorno sobre o andamento da denúncia. Em ofício enviado ao MPCE no dia 9 de julho de 2020, o presidente da instituição, Helvécio Neves Feitosa, confirmou a abertura de uma sindicância e disse que convocou o diretor técnico do Hapvida para uma reunião, "a fim de discutir o assunto".

 

Foto: Divulgação

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